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A Cidade que me Habita - Exposição fotográfica Carolina Engler

Habitar espaços transformando-os em lugares – é o que faz Carolina Engler através da fotografia.

São lugares de identificação, investigação e ação.

Com um olhar atento, se apropria da paisagem urbana, transformando-a em um mosaico de imagens como territórios.

Carolina cria nesta série mapas poéticos da cidade.

Com lugares invertidos, rotacionados, justapostos em quadros, monta um quebra-cabeças emulsionado em azul, através da técnica do cianótipo.

A técnica também é reinventada e investigada a cada quadro de cada tela.

As formas e as cores, de repente a fazem habitar as memórias da infância.

Por falar em infância, como medir a distância entre o que faz a artista e o que a memória atávica a impulsiona a criar?

Esta série revela camadas: imagens da cidade, cianótipo, encáustica.

Mas uma outra camada é anterior aos elementos que cobrem o algodão: há uma menina, olhando para a pintura de um quadro especial pendurado num lugar especial, feito por alguém especialmente presente e forte nas lembranças e que a fez e faz pensar e admirar.

Da mesma maneira que as camadas impregnam o tecido, a memória das formas e das cores, conduzem a composição, próxima da abstração, quase uma geometria.

A menina é a própria Carolina, o quadro a que me refiro é "Forma e Cor, composição nº 30" e o artista que o pintou, Francisco Biojone, o mestre de tantos, aqui é o primo, cujo quadro foi adquirido pela família e hoje habita o studio da menina que cresceu.

Este trabalho possui muitas camadas, como eu disse.

A última delas, a encáustica, o aproxima também da pintura, mas traz um elemento que habita a história da arte em sua função para além da questão pictórica: a proteção dos trabalhos contra a passagem do tempo.

A cidade que habita Carolina Engler me impregna de lugares, de azuis e vermelhos, de fotografias e pinturas, de criação e emoção.


Ana Helena Grimaldi

Outubro de 2015


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