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Cidades Invisíveis
Projeto vencedor do edital do FICC - Fundo de investimento em Cultura de Campinas no ano de 2008 - Juliana Engler e Carolina Engler.
As cidades estão em contínua construção e transformação, são um projeto vivo do que seus habitantes desejam para si. Da mesma forma, as cidades que gravamos em nossa memória não param nunca de sofrer a ação do tempo e de nossa imaginação sobre elas. De certo, se essas duas esferas ficarem muito tempo sem se encontrar, não mais poderão se reconhecer: a cidade real e a cidade da memória...
Mas como pensar essa dupla ação do tempo sobre nossa cidade natal? Aquela que visitamos fisicamente todos os dias... Aquela com a qual contribuímos (ou deveríamos contribuir) com o projeto do que deveria vir a ser... Será que também dela nos distanciamos a ponto de não mais a reconhecer?
Quando contemplo a cidade em que vivo, ao mesmo tempo em que alguns marcos coincidem com a minha cidade da memória, sinto certa imprecisão, dúvidas, incertezas quanto ao reconhecimento... Por vezes até, acho ser apenas uma cidade parecida...
Penso que é como se camadas da mesma cidade se sobrepusessem. Não para reafirmar, mas para confrontar, confundir, contrastar essas duas instâncias nas quais toda cidade existe: dentro e fora de nós.
Ao olhar com cuidado para esse palimpsesto que minha cidade se tornou, não posso deixar de perceber a semelhança com “As Cidades Invisíveis” de Ítalo Calvino: “a cidade deixa de ser um conceito geográfico para se tornar o símbolo complexo e inesgotável da existência humana” (Diogo Mainardi, sobre “As Cidades Invisíveis”).