Texto: Carolina Engler.
20/07/2020.
Fotografia: Marina Marcondes, aluna do Ateliê Cromo.
O retrato é uma das grandes temáticas da arte, há algo no rosto humano que nos fascina e nos impele a registrá-lo. Podemos encontrar pistas do que seria este "algo" nos depoimentos dos especialistas na arte...
O fotógrafo Steve McCurry diz: “Quando você olha um retrato de alguma pessoa, consegue se conectar com ela e, de repente, percebe que são muito mais parecidas do que poderiam imaginar, mesmo sendo de uma cultura totalmente diferente da sua.” Para ele através do retrato poderíamos nos conectar com o que há de essencial na condição humana.
Já Dorothea Lange fala do impressionante potencial de comunicação que "esta parte do corpo humano" - e faz um gesto com a mão emoldurando o rosto - permite. Mencionei este depoimento numa outra postagem aqui do blog há alguns dias.
São dois grandes mestres documentaristas, especialistas em retrato... Acho que vale pensar com cuidado sobre suas falas... Como também repensar a sua prática fotográfica a partir delas...
Me explico melhor: quando procuramos conteúdo sobre um assunto de fotografia, queremos as dicas bombásticas para a produção de fotografias incríveis - calma, leia até o fim, vai ter dica neste artigo também. Mas as dicas são facilitadoras do processo, não motivadoras dele. Antes das dicas queria que se perguntasse porque quer fazer isso? Porque não vai fazer paisagens ou macrofotografia? Encontre a sua motivação. Sei que é uma discussão impalpável e pode não fazer sentido para você agora, mas não desqualifique... Guarde em algum lugar dentro de você e deixe lá, pois quando fizer sentido o assunto "ressurgirá". No curso de fotografia aqui no Ateliê Cromo em Campinas / SP percebemos que essas questões são recorrente para alguns alunos.
Agora, do ponto de vista prático, é necessário antes de mais nada criar um vínculo com quem se deseja retratar. Não seja afoito! Não chegue clicando freneticamente. Converse antes, faça com que o outro se sinta motivado a participar do processo.
Se entregue a esse processo também: se o fotografo não estiver a vontade, seu sujeito dificilmente ficará. Experimente e, acima de tudo, não tenha medo de chegar perto.
Observe como a iluminação incide no seu modelo, onde ficam as sombras... Isso cria o clima da imagem e convém pensar se a "pose" está combinando com esse clima que criou.
A grande angular não costuma ser a objetiva mais indicada para retrato, pois aumenta o primeiro plano o que causa uma certa distorção das feições das pessoas. Atenção que não estou dizendo que é proibido usá-las e existem grandes fotógrafos que as usam.
Por fim, se está fazendo um retrato a pessoa tem de ser o elemento principal da sua composição. Logo, o cenário pode compor uma bela imagem, mas não pode roubar a cena. Ou seja, o ambiente não pode chamar mais atenção do que a pessoa que está retratando.
Espero ter contribuído com sua reflexão e sua prática!
Um grande abraço e até o próximo post!!!
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