Texto: Carolina Engler.
03/09/2020.
Fotografia de André Cruvinel - aluno do Ateliê Cromo
Situação bem difícil de fotografar, mas não pelas questões técnicas que como vai ver não é nenhum bicho de sete cabeças. O capcioso na fotografia de fogos de artifício é a escolha do local para se posicionar. Na minha opinião é o que realmente faz diferença para o sucesso das fotografias. Como sempre digo para meus alunos do curso de fotografia no Ateliê Cromo em Campinas/ SP: escolher o LOCAL DE MAIOR POTENCIAL é o que caracteriza um fotógrafo experiente! Mais de longe permite incluir a paisagem junto com os fogos e com um ângulo maior também facilita que as explosões aconteçam dentro do nosso campo de visão - além disso, uma objetiva zoom permite alguma flexibilidade de enquadramento.
Do ponto de vista de configuração de câmera não difere muito da fotografia noturna, até porque é fotografia noturna... Precisamos de tripé e controle remoto, usamos ISO baixo, diafragma ótimo 5,6 ou 8 e a velocidade entre 2" e 10". Para acertar a velocidade, antes do show começar, faça alguns teste: a cor do céu é que define a velocidade "certa" - não deve ficar nem muito claro nem muito preto. Lembrando que as longas exposições consomem muita energia então é bem importante ter uma bateria reserva.
Contudo, não é exatamente a mesma coisa que fotografia noturna... Uma delas é que não da para usar uma lanterna para auxiliar o foco automático: precisamos fazer foco manualmente, pois a câmera não conseguirá focar o céu todo escuro e da mesma cor. Quase sempre é só focar para infinito - atenção que não é só colocar a lente no extremo da máxima distância porque corre o risco de fazer "foco para além do infinito". Eu sei que parece engraçado, a primeira vez que ouvi achei que era piada... Mas é sério! As lentes são construídas com espaço para dilatação, para funcionarem bem tanto em ambientes muito quentes e muito frios. Resumindo: olhe com atenção e encontre o ponte de melhor nitidez.
Usar a câmera no sistema live (usar o visor para enquadrar) é frequente quando usamos o tripé, mas nesse caso não é conveniente. Além do sistema consumir mais energia ele também tem um certo delay no disparo que neste caso pode ser um problema.
Por último, o pulo do gato! As câmeras tem uma função chamada redutor de ruído, para minimizar o ruído das longas exposições. Essa é uma função muito importante e na grande maioria das situações deve estar ligada, como, por exemplo, na fotografia noturna. Mas no caso dos fogos de artifício devemos desligar. Isso porque com o NR (noise reduction - redutor de ruído) ligado a câmera processa a imagem depois de feita e isso demora o mesmo tempo que demorou a exposição da foto. Então numa foto de 10" de exposição serão 10" de processamento depois. Esse tempo entre um disparo e outro não cabe na fotografia de shows pirotécnicos, perderemos muito da ação assim. Só que se eu disse que é uma função importante para reduzir o ruído e disse para desligar, já dá para imaginar que será necessário lidar com o ruído de uma outra maneira... Pois é, na pós produção teremos de minimizar o ruído.
Aproveitem as dicas e que o final da pandemia seja comemorado com mais fogos que o reveillon de Copacabana!!!
Um abraço e até o próximo post,
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